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Creepypasta: choke.exe
Uhh... Eu não tenho muita certeza de por onde começar...Há três semanas
As últimas semanas têm sido muito duras para mim. Eu perdi a minha mãe na última primavera graças ao cancro, o que causou muita tristeza na minha família. No entanto, foi o meu pai que recebeu isso da pior maneira. Ele nunca mais voltou a ser o mesmo depois da morte da mãe. Ele trancava-se na sua casa, sozinho, distante do resto do mundo. Distanciava-se de mim. Era estranho. Ao longo de toda a sua e da minha vida, ele sempre foi tão extrovertido. A minha mãe, a minha irmã e eu éramos tudo o que ele tinha. Mas agora que a minha irmã mais velha tinha crescido, ela acabou por se casar e mudou-se para uma cidade próxima. Acho que tudo o que ele tem agora sou eu.
Há duas semanas
Eu recebi um telefonema enquanto estava no 4Chan, a ler uma daquelas pastas com comentários do tipo "ris, perdes" em destaque. Ugh, O que aconteceu com o Conteúdo origi... Oh, certo, voltando ao assunto...
Eu estive com o monitor à minha frente durante horas, num silêncio mortal, e fui apanhado de surpresa quando o meu toque de celular, "Believe or not", de Joey Scarbury, que começou a tocar pelos alto-falantes do meu celular. Eu quase caí da cadeira. Peguei no meu celular e verifiquei o identificador de chamadas.
A chamada era de um hospital local, que me ligou para dizer que o meu pai tinha se suicidado.
Há uma semana
A minha irmã veio ao funeral. Foi bom vê-la novamente depois de todos esses anos, mesmo que fosse em circunstâncias adversas. Ela não trouxe aquele parvo do marido dela consigo, ponto positivo. Nós abraçámo-nos bastante, conversámos sobre o falecido por um tempo, ainda que desejássemos que aquilo não tivesse ocorrido. Depois, ela seguiu o seu caminho.
A casa do meu pai e todo o seu conteúdo, foram-me dados. Não era necessário dizer que isso foi uma melhoria e tanto se comparado ao meu apartamento de um quarto. Eu decidi ir bisbilhotar a minha nova casa no dia seguinte, talvez para limpar um pouco o lugar. Honestamente, eu não tinha ideia do que eu iria encontrar lá dentro. Pelo que sei, ele tinha perdido todo o senso comum após a morte da minha mãe. E eu já estava à espera de ver sujidade por todas as paredes, mobilia destruída, coisas do tipo.
Eu estava na porta da frente. Quando agarrei a maçaneta da porta, uma sensação quase que imediata de medo apoderou-se do meu corpo. Eu gelei. A ideia de estar na mesma sala em que meu pai se enforcou não era das melhores. Eu balancei a minha cabeça e engoli os meus sentimentos perturbadores. Respirei fundo e preparei-me para o pior. Fechei os olhos e abri a porta...
A porta da frente levava-me a um corredor que se dividia em duas direções. Na minha frente havia uma porta, que dava acesso para a casa de banho. A porta direita era a que estava ligada à sala de estar. Esperando o pior, virei para a direita... Para a minha surpresa tudo estava em bom estado. Curioso, inspecionei a área. Haviam alguns sofás em volta de um aparelho de televisão antigo. O meu pai nunca tinha dado muita importância à tecnologia. O que me chamou à atenção, foi a grande lareira perto da poltrona. Eu não lembrava disso lá. Se bem que eu só estive na casa umas 3 ou 4 vezes antes, mas eu lembro-me, isto não estava aqui antes. Agora, a lareira não é exatamente o que me chamou a atenção. Era o que estava em cima dela.
Era um grande retrato pintado e emoldurado da minha mãe, rodeado de velas. Parecia um pouco torto. Ela tinha um sorriso estranho no rosto, como se estivesse a dizer: "Eu sei algo que tu não sabes".
Mais uma vez, senti aquela sensação estranha no corpo. Eu realmente senti que não deveria estar naquela casa. Mas sendo o idiota que eu sou, decidi ficar por lá durante mais algum tempo. Aventurei-me na cozinha, enquanto bisbilhotava tudo. Os armários estavam cheios de conjuntos de pratos que pareciam novos, e a geleira estava cheia de nada, a não ser cerveja e água. Coisas do meu bom e velho pai.
Um pensamento passou pela minha cabeça. Eu deveria ter verificado o quarto principal, o quarto onde o meu pai se tinha enforcado. Eu empurrei para dentro todos os sentimentos incertos que tinha, e dirigi-me em direção à parte de trás da casa. A porta do quarto do meu pai estava ligeiramente aberta. As voltas no meu estômago foram aumentando; eu lentamente empurrei a porta entreaberta. As dobradiças fizeram ecoar um rangido alto. Eu não fazia ideia do porquê de estar tão tranquilo naquele momento. Tentei convencer-me de que eu era a única pessoa na casa, o que foi difícil. As borboletas no meu estômago recusaram-se a ir embora.
O quarto do casal era normal. Tudo parecia limpo, eu dei alguns passos, enquanto visualizava a área. Havia uma mesa de cabeceira do lado direito da cama. Descansando em cima dela, os seus óculos, aparentemente intocados. Ele nunca gostou de usá-los, dizendo que o fazia parecer um idiota. Ao lado esquerdo do quarto havia uma porta. Alguma coisa, eu não sei o quê, parecia estar a chamar-me para essa porta. Eu queria abrir. Não. Eu tinha que abri-la.
Caminhando até a porta, mantive-me com a ideia de ficar quieto. Mais uma vez, não me perguntem o porquê disso, eu sentia-me como se estivesse a perturbar algo, caso eu fizesse barulho. Mordi o lábio inferior enquanto colocava a mão na maçaneta. Eu estava a tremer por ansiedade. Fechei os olhos, fiz a contagem regressiva de três, dois...,um, e rapidamente abri o armário...
Casacos. Montes de casacos. Algumas calças e sapatos também. Era um guarda-roupa enorme, mas comum. Eu suspiro, aliviado, mas secretamente levemente desapontado.. até que vi, algo brilhante no chão. Ajoelhei-me e removi algumas caixas de sapatos. Era uma alça de bronze, aparafusada no chão. Eu também tinha notado num vinco no chão acarpetado. Era uma pequena escotilha, que levava para a cave. O meu coração disparou. O que poderia estar lá?
O meu desejo por aventuras tinha começado a tomar o melhor de mim. Sem pensar, peguei na alça de bronze e abri a escotilha. Olhei para dentro. Estava escuro. Todos os meus instintos iam contra o que eu estava prestes a fazer, mas eu ignorei-os completamente.
Saltei para baixo.
Felizmente, não era tão alto. Eu seria capaz de sair se fosse necessário. A cave era escura, e extremamente empoeirada. Pus a mão no meu bolso e tirei um isqueiro. Precisei de algumas tentativas, mas finalmente consegui obter uma chama constante para iluminar uma pequena parte da sala. Foi quando eu vi a última coisa que eu esperaria ver na cave da casa do meu pai: um computador.
Ali à beira do quarto havia uma pequena mesa com um teclado, um rato e um monitor. Uma dessas cadeiras brancas de plástico tinha sido empurrada na direção da mesa.
Curioso, fui até o local. O computador parecia novo, como se nunca tivesse sido usado. Isso não poderia ser do meu pai. Porque é que ele teria um bom equipamento como este na cave?
Puxei a cadeira da mesa, e sentei-me em frente ao monitor. Cruzei os meus dedos, inclinei-me e liguei o computador. Eureka, funcionou. O logotipo de inicialização do Windows 7, apareceu na tela. Mais uma vez, pareceu-me estranho que o meu pai fosse dono de um computador bom e caro. O computador pediu-me para selecionar um utilizador. Havia apenas um disponível.
"DECEPÇÃO"
Um calafrio percorreu pela minha espinha. Decepção? Por que ele iria nomear o seu perfil assim? Eu cliquei nele. Ele pediu-me a senha. Eu sorri e digitei "Cheyenne". O nome da minha mãe. Foi um palpite, mas acertei em cheio. Eu virei a minha cabeça para os lados. Alguma coisa estava errada. O fundo do ambiente de trabalho era preto opaco. Não estava lá a barra de iniciar e havia apenas um ícone, que estava a meio da tela, um único arquivo que era executável.
"Choke.exe"
As minhas mãos tremiam. Eu não tinha ideia do que estava a fazer ali, porque eu tinha ido até lá, em primeiro lugar. Eu queria voltar, voltar para o conforto do meu apartamento. Mas a curiosidade não me deixou pensar. Eu não conseguia controlar-me. Era quase como se fosse contra a minha vontade. Levei o cursor sobre o ícone, e cliquei duas vezes.
A tela piscou. Eu vi logo que havia algo de errado com o cabo do computador. Coloquei a mão por trás da máquina e senti os fios.
Impossível. Nenhum fio estava solto.
O computador fez um barulho agudo, como se estivesse a trabalhar muito duro por conta própria. Tons de azul, vermelho e verde apareceram e apagaram a tela. O barulho do computador começou a tornar-se cada vez mais alto, saindo com as colunas de som, aumentando a intensidade a cada segundo. De repente, tudo ficou em silêncio de novo. Eu olhei para a tela. Tinha um ponto vermelho embaixo das palavras, mesmo no meio, que dizia:
"DECEPÇÃO."
O meu coração estava a bater como um louco no meu peito. Tudo tinha chegado a uma situação desconfortável. Eu relaxei, pelo que pareciam ser segundos. Até que eu ouvi. O som de uma respiração pesada, e passos a aproximar-se por trás de mim, que chegavam cada vez mais perto. Eu recusei-me a olhar para qualquer coisa que não fosse o monitor do computador. Os passos pararam. Quem, ou o quê estava atrás de mim. Ele inclinou-se... A sua boca estava bem próxima ao meu ouvido.
Eu ouvi um sussurro de uma voz familiar,
"...Enforcar..."
Com muita força, uma corda foi enrolada no meu pescoço. Eu gritei, o mais alto que pude. A corda estava apertada no meu pescoço, eu estava a ser puxado para trás da cadeira. Eu já não conseguia respirar. O meu pescoço estava dolorido. A minha visão começou, lentamente, a desaparecer devido à falta de oxigênio, tudo estava a ficar preto. Eu ia morrer. Eu engasguei-me, e arranhei o meu pescoço. Não lembro de como é que eu fiz isso, mas consegui escapar, de alguma maneira... Quando dei por mim já não estava na cave.
Não havia nada lá.
Eu estava de quatro, e tentei recuperar o fôlego. A minha visão voltou, cambaleei um pouco ao redor, enquanto tentava recuperar-me do que tinha acontecido à pouco. Eu estava na sala outra vez, no mesmo lugar, em frente à lareira. E, a olhar para mim, estava ali o retrato da minha mãe, com aquele mesmo sorriso de antes.
Atualmente
Enquanto estou aqui sentado, escrevendo isto, no meu sujo e velho apartamento de um só quarto, eu posso dizer honestamente,
"Não há lugar como o lar."
Eu não tenho ideia do que diabos aconteceu na casa do meu pai.
E honestamente, eu já não quero saber.
Tudo o que eu tenho certeza, é que eu nunca mais vou voltar a pôr os pés naquela casa.
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